Planejamento inicial: o que pretendo fazer para alfabetizar meus novos alunos.
Li este texto, gostei e resolvi postar aqui.
A autora Mara Mansani destaca a importância do planejamento inicial no processo da alfabetização.
O planejamento inicial deve criar um ambiente em que todos possam se conhecer e se entrosar.
(Foto: Mariana Pekin)
Lá pela terceira semana de férias, costumo dizer que estou em stand-by – como aqueles aparelhos eletrônicos que não estão ativos, mas permanecem ligados na tomada, prontos para entrar em pleno funcionamento. Porque minha mente já fervilha de ideias sobre o que fazer para que minhas próximas turmas aprendam a ler e escrever. Não que o meu descanso deixe de ser prioridade, mas, devagarinho, vou separando alguns materiais, pesquisando outros e conversando com algumas colegas professoras, a fim de dar os primeiros passos para o planejamento inicial.
Como já contei algumas vezes, trabalho em duas escolas. Na EE Prof. Laila Galep Sacker, ainda não aconteceu o processo de atribuição de aulas, mas escolho sempre turmas para alfabetizar (não sei se vocês perceberam, mas a alfabetização é o que me fascina e faz mais feliz). Já na EMEF Prof. Sílvia Haddad, a escolha aconteceu no final do ano. E isso é muito bom! Começar as férias sabendo o que virá no período letivo seguinte evita a ansiedade e facilita o planejamento inicial. Desta vez, escolhi uma turma de 4º ano.
Para esses alunos, já comecei a pensar muitas coisas. No início do planejamento, minhas ações costumam ser mais gerais, servem para estudantes de diferentes anos. Deixo as ações mais específicas mais para frente, já que ainda não conheço a classe, apesar de ter conversado com as professoras anteriores. Além disso, para orientar o trabalho com exatidão, é preciso esperar a avaliação diagnóstica inicial, que, obviamente, só poderá acontecer depois do início das aulas. Tudo a seu tempo!
Sei que, por todas essas razões, começar a planejar nem sempre é fácil. Por isso, quero contar a vocês as ideias que já tive. Quem sabe algumas delas não servem de inspiração? Vamos lá!
Para que todos se conheçam
A preocupação número 1 é conhecer melhor os alunos e criar um ambiente para que eles se entrosem, especialmente quando há gente nova na turma. Começo com uma roda de conversa, baseada em uma ficha de entrevista que preparo previamente. Gosto de mesclar aquelas questões óbvias com perguntas divertidas, que vão além do nome e da idade. Por exemplo: Se você fosse um animal, qual seria? E se fosse uma cor? Quem é a pessoa mais séria da sua família? E a mais divertida? O que te deixa feliz? O que te deixa triste? Qual sua comida favorita? Qual é a brincadeira que mais gosta? Dessa forma descontraída – com muitas risadas das crianças, eu garanto – consigo saber mais sobre meus alunos.
Dinâmicas para refletir
Solidariedade e espírito coletivo são valores que precisam ser trabalhados desde os primeiros dias, e nada melhor do que propor dinâmicas que envolvam toda a classe. Faço sempre uma que chamo de “Coletivo Humano”. Funciona assim: os alunos se dividem em grupos e recebem como missão montar a representação de um corpo humano, do tamanho de uma criança, de papel. No centro da sala, deixo vários “braços”, “pernas”, “cabeças”, “troncos” e “corações” de cartolina amontoados, à disposição de todos, na quantidade exata para que cada grupo forme a sua figura humana completa, sem sobrar nem faltar. Ao meu sinal, os pequenos têm que se dirigir ao amontoado, escolher as peças, voltar para o grupo e montar. Isso é tudo o que dou de instrução.
Aí acontece uma coisa curiosa. Mesmo sem estipular um tempo para isso, as crianças se apressam a pegar as partes, sem nem pensar se vão utilizar todas ou não. Resultado: tem grupo que fica sem perna, com três braços, com duas cabeças... Por outro lado, há grupos que se ajudam e trocam peças entre si. Depois de concluir a tarefa, fazemos uma reflexão para cada situação que surgiu e tiramos delas algumas conclusões como:
- Para tudo o que fazemos em sala de aula, é preciso combinar o papel de cada um e ter consciência de que todos são importantes para construir um bem em comum.
- Quando ajudamos uns aos outros, tudo pode dar certo.
- Não precisamos de coisas além do necessário. Ao fazer isso, deixamos os outros à mingua e contribuímos com o desperdício.
- É preciso prestar atenção às orientações da professora, pois elas são importantes para realizar bem as atividades propostas.
Estímulo à leitura
Em 2017, quero promover um intercâmbio de leituras mais intenso entre escola e família. Várias professoras que conheço sempre fazem um caderno itinerante que vai para a casa de cada aluno, no final de semana, junto com um livro para ser lido com os pais. Depois de lerem juntos, fazem um registro por escrito e com desenhos, com suas impressões sobre a obra e a experiência em família. Pensei em fazer isso com os alunos menores, da alfabetização, e com os maiores, que poderão registrar sozinhos.
Já tive a oportunidade de ler os registros das famílias e é emocionante! É claro que às vezes acontecem alguns problemas, mas nada que comprometa a participação geral, e os registros são socializados com todos em sala de aula. É uma ótima maneira de incentivar a leitura e a participação dos pais na vida escolar.
Primeiros passos na alfabetização
Tudo começa com a escolha de temas potencialmente significativos para as crianças. Já alfabetizei com vários assuntos, como brincadeiras infantis, animais, lengalengas, músicas que fazem parte do repertório infantil, entre outros. São temas com os quais a maioria das crianças se identifica, mas essa escolha pode variar de acordo com o interesse de cada turma.
Nestas férias, mexendo nas minhas coisas, encontrei a coleção Corpim, do Ziraldo, com seis livros que exploram algumas partes do corpo humano: O Joelho Juvenal, Dodó, O Sorriso Chamado Luiz, entre outros títulos. O Ziraldo sabe como falar às crianças e esses livros serão um bom ponto de partida para leituras e escritas. O corpo humano é um assunto que interessa muito aos pequenos, faz parte do currículo dos anos iniciais e rende ótimas atividades de alfabetização. Além das leituras, pretendo propor escritas e leituras dos nomes de cada parte, produção de textos de memória, como parlendas que explorem o tema, leitura e cantoria de músicas, brincadeiras, escrita de fichas de dados pessoais e textos autorais com o tema “Eu sou assim...”, e, quem sabe, até a escrita coletiva de um livro de curiosidades sobre o corpo humano.
Pensei em aproveitar o tema até na sondagem inicial. Dá para explorar uma lista de palavras com diferentes níveis de complexidade, como “sobrancelha”, “intestino”, “cabeça”, “orelha”, “nariz”, “braço”, “mão” e “pé”. E a frase pode ser: “Eu vou deixar meu corpo sempre bem limpinho.”
Já para os maiores, é bem interessante pedir que leiam sozinhos e preencham uma ficha com seus dados pessoais (nome, idade etc.). Essa ficha pode conter também perguntas diferenciadas, como por exemplo:
Como você se descreve com:
Uma palavra ______________
Uma frase ________________
Uma imagem _____________
Uma cor _________________
Bom, esse é só o começo! Fique à vontade para se apropriar das ideias acima, adaptando, se necessário, às suas turmas! Depois de conhecer os alunos de perto é que o planejamento realmente começa, junto com minhas colegas professoras. O novo ano promete ser muito produtivo para todos nós.
Um grande abraço e um excelente 2017 para todos os educadores desse nosso Brasil!
AUTORA: Mara Mansani
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A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO NO PROCESSO DA ALFABETIZAÇÃO
Reviewed by Adiléa Generoso
on
17.1.17
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